sexta-feira, dezembro 2

Os "ses" a que, erradamente, nos agarramos

"Às vezes estamos em rota de colisão e não sabemos.
Seja por acidente ou por destino, não há nada que possamos fazer.

Uma mulher em Paris ia sair para fazer compras, mas esqueceu-se do casaco e voltou atrás para o ir buscar. Quando apanhou o casaco, o telefone tocou, parou para o atender e falou durante uns minutos.

Enquanto estava ao telefone, Daisy ensaiava na Ópera de Paris.

Enquanto ensaiava, a mulher que falava ao telefone saiu para apanhar um táxi.
Um taxista acabou o serviço mais cedo e parou para tomar um café.

Durante todo esse tempo a Daisy estava a ensaiar.

Esse taxista que acabou o serviço mais cedo e que parou para tomar um café, apanhou a mulher que ia às compras e que perdeu o táxi anterior. No percurso, o taxista foi obrigado a parar devido a um homem que atravessa a rua e que tinha saído cinco minutos atrasado para o trabalho, porque se esqueceu de ligar o despertador.


Enquanto esse homem, atrasado para o trabalho, atravessava a rua, a Daisy tinha terminado o ensaio e estava a tomar um duche.

Enquanto a Daisy tomava o duche, o taxista encontrava-se à espera, em frente da loja onde a mulher foi levantar uma encomenda que ainda não estava embrulhada porque a rapariga que era suposto fazê-lo tinha acabado com o namorado na noite anterior e tinha-se esquecido.

A encomenda foi embrulhada e a mulher voltou para o táxi, que tinha sido bloqueado por uma carrinha de entregas, enquanto a Daisy se vestia.

A carrinha arrancou e o táxi conseguiu andar, enquanto a Daisy, a última a vestir-se, esperava por uma das suas amigas, que tinha partido um atacador.

Enquanto o táxi estava parado no semáforo, a Daisy e a sua amiga saiam pelas traseiras do teatro.

E se apenas uma coisa acontecesse de maneira diferente?
Se o atacador não se tivesse partido ou se a carrinha de entregas se despachasse mais rápido.
Ou se a encomenda já estivesse embrulhada, porque a rapariga não tinha acabado com o namorado.
Ou se o homem tivesse ligado o despertador e se tivesse levantado 5 minutos mais cedo.
Ou se o taxista não tivesse parado para tomar um café.
Ou se a mulher se tivesse lembrado do casaco e entrado no primeiro táxi.
A Daisy e a amiga tinham passado a rua e o táxi tinha passado por elas.

Mas a vida sendo como é, uma série de vidas e incidentes interligados, sem interferência de ninguém, aquele táxi apareceu, o condutor estava momentaneamente distraído...

DAIIISSSSYYYYY!!!!!

...e aquele táxi atropelou a Daisy.
in O estranho caso de Benjamin Button
M

Sem comentários: