Chegou a Hora

Ora bem, o Verão já lá vai e a verdade é que eu preciso de uma mudança no visual.

Já não suporto visualizar as minhas raízes escuras que contrastam com um loiro branco que nem eu percebo. Adicionemos também um cabelo seco, espigado e corte incerto. Sim, está mesmo mau.

Esta situação faz-me retomar a Cruzada pelos cabeleireiros.

[Olá, tenho 27 anos e não tenho uma cabeleireira regural], que num paralelismo é como não ter médico de família.

Não é que eu seja esquisita e tirana. Tenho algum grau de exigência já que se trata da minha imagem e do meu cabelo, como todos nós. No entanto, parece que a minha mensagem é recebida com muito ruído pelos profissionais que escolho, porque raramente fazem o que pretendo.

Há 3 anos atrás acreditei que tinha encontrado a Tal. Simpática, cortava bem e acertava sempre na cor. Mas a nossa relação mudou quando ela me começou a trair com outra clientes, deixando-as passar à minha frente quando já tinha feito marcação para a hora agendada. À primeira passa, mas à segunda, estava-me a fazer de parva, claramenta. Nunca mais voltei.

Desde então os meus cabelos andaram de mãos em mãos, experimentaram várias tesouras e tintas mas nada que me satisfizesse.

A útlima, então, foi uma anedota. Pedi-lhe: "Madeixas avelã, cor caramelo, sim?" Pois a Sra, por sua auto-recriação decide ignorar-me e põe-me loira. Nunca tive problemas com amarelo nem com pessoas loiras verdadeiras ou descoloradas. Contudo, sempre me identifiquei como morena. Queria continuar assim, apenas com um brilhozinho de cor na cabeleira. Não sou profissional na área, mas não me parece que estivesse a pedir algo de transcendente.

Hoje decidi que vou dar uma nova oportunidade de me arruinarem o cabelo. Pior do que está não me parece possível e já me custa olhar ao espelho. 

Vou ver o salão ao pé de casa. Acho que a Sra é russa e no que diz respeito a dicas de beleza inclino-me mais para as francesas e para as profissionais oriundas da europa do leste. Desde tenra idade estão habituadas a ter atenção à imagem. Quem é que já viu uma ucraniana, sérvia ou albanesa sem o cabelo arranjado, sem um batom, sem eyeliner ou com unhas descascadas? Ah pois é... Não é pura coincidência, meus caros e minhas caras... No hotel, a Sra da copa, apesar de passar as 8 horas de trabalho na companhia de loiça suja, nunca se esquece da maquilhagem e não descura o seu visual. 

"Então e por que razão não vais a um Eduardo Beauté, Lúcia Piloto e outros tantos talentos capilares?" É uma hipótese, mas ficava sem comer por 2 meses. Apesar de querer uma cabeleira bonita, prefiro ter dinheiro para me alimentar.

A verdade é que o meu cabelo não é mau. Eu é que nunca o aceitei. Sempre idealizei ter cabelos lisos, fáceis de manter. Lavar, sair e saber que não vai adquirir um volume galáctico, como sucede. Possui todas as características importantes: volume, quantidade e força. Mas este triatlo criou um monstro complicado de controlar, com o seu próprio feitio.

Há a Personalidade de M e a Personalidade do Cabelo da M.

Quando acorda mau-humorado só há uma solução: elástico e ganchos.

Já pensei em cortá-lo curto para me facilitar a vida, todavia, quando fiz uma sondagem aos colegas de trabalho e amigos, foram perentórios:

"NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOOOO!"

Têm razão. O meu cabelo é ondulado e devia deixá-lo crescer, mas custa-me tanto. Ainda por cima parece que está sempre com o mesmo comprimento. Nunca estica, só encolhe.

Mas calhava bem porque a tendência este inverno passa por este corte lindíssimo. Acho um charme mulheres de cabelo curto. Transmitem-me uma imagem sofisticada, independente, profissional, atraente.

Tenho pensado muito nisto mas sei que não passam de fantasias, primeiro porque na foto do meu currículo tenho o cabelo pelos ombros (como está agora) e estou ótima. Não me apetece estar a tirar fotografias para atualizá-lo. Segundo, a minha sanidade mental iriá piorar. A experiência que tive quando fiz granja ensinou-me que não tenho paciência para fazer do secador e da escova os meus melhores amigos. Terceiro, acredito que devia mesmo fazer um esforço e deixá-lo ganhar comprimento, mesmo que seja a ritmo de caracol.

Bem, wish me luck!

M